Acne | Historial ; 1ª Consulta de Dermatologia ; Tratamento com Isotretinoina (o inicio)

Nota: tenho um outro blog totalmente dedicado ao meu tratamento com a Isotretinoina: experiência, tratamento, fotos da evolução e produtos utilizados. Podem aceder aqui.

*Historial*

Já falei várias vezes aqui no blog sobre a minha jornada com o acne, no entanto sem grandes pormenores. Comecei a ter acne por volta dos 13 anos.

Na consulta dos 13 anos a médica reparou na minha pele e na altura receitou-me um produto transparente num frasco de vidro, que transandava a álcool e ardia imenso na pele. Utilizei religiosamente o produto, contudo não via resultados e a minha pele ficava irritada com a sua utilização. Descontinuei a utilização.

Desde essa altura que ganhei o hábito de ter uma rotina de limpeza e hidratação da minha pele. No inicio era um pouco negligente e por isso havia dias que a preguiça levava a melhor. Mas aos poucos já não conseguia sair de manhã, ou ir para a cama à noite sem essa rotina. Nessa altura recorria a produtos de supermercado específicos para peles jovens com problemas - eram os mais acessíveis e mais fáceis de encontrar e na altura não havia possibilidade de pesquisar na internet pela melhor solução e por isso ia por tentativas. Usava um gel especifico e depois um hidratante com princípios activos de combate ao acne na sua composição. Não resolviam grande coisa, apenas controlavam um pouco a oleosidade.

- Consulta no Médico de Família -

Perto de fazer 16 anos insisti com a minha mãe para ir ao médico de família ver o que se podia fazer, apesar dela achar que eu estava a exagerar com a situação, que era próprio da idade e que iria passar com o tempo... Ora, com acne desde os 13, e já no secundário, é claro que para mim era um grande problema. Lembro-me que fartei-me de chorar na consulta porque detestava a imagem que via no espelho e que me incomodava imenso, e que acabava por afectar a minha vida social. O médico simplesmente receitou-me a pílula - a Valete, que custava 7,50 € /mês e não era comparticipada. A minha mãe ficou descontente com a suposta solução por ser tão nova, mas vendo a minha preocupação com a pele deixou-me tomar. Receitou-me ainda um creme manipulado para usar à noite, que era bastante espesso e que não teve qualquer efeito a não ser deixar-me a pele mais oleosa. Disse-me que daí a uns meses estaria com a pele limpinha. Eu sonhava com esse dia, e ao perceber que esse dia não ia chegar, fiquei de rastos. Passados uns anos mudei para a pilula Diane 35, que era dada no centro de saúde, e nenhuma das duas fez qualquer efeito no grau de oleosidade ou no acne, excepto no acne que tinha nas costas - esse sim desapareceu completamente. De referir também que por volta dos 18 anos deixei de tomar a pílula porque estava sempre a esquecer-me de a tomar e na verdade não precisava (os meus ciclos são regulares) e não tive qualquer surto de acne, como seria normal acontecer quando o acne é puramente hormonal. Aos 21 voltei a tomar como contraceptivo, mais uma vez sem qualquer beneficio para a minha pele.

- Consulta de Ginecologia -

Aos 23 anos, numa consulta de rotina com a ginecologista, disse-me que já tomava a Diane 35 há demasiado tempo (cerca de 2 anos e meio), e que estava na hora de mudar. Receitou-me então a Minigeste, que tem uma menor dose de hormonas, mas é igualmente eficaz como contraceptivo. De resto não notou qualquer problema, como SOP (Síndrome de Ovários Policisticos), que seria uma possibilidade para mim, pois além de acne, tenho também excesso de pêlos, apesar dos meus ciclos nunca terem sido irregulares antes da toma da pílula, sintomas comuns desta síndrome. Disse-lhe que a pílula não mexia com o meu acne, mas receitou-me Ciproterona, uma bomba hormonal que é também prescrita a homens que estão a fazer uma mudança. Nas mulheres este medicamento actua nos níveis de testosterona, reduzindo a incidência da acne e do excesso de pêlos. Iria fazer então o tratamento durante 9 meses, para evitar um surto de acne por causa da mudança de pilula. Tomava apenas nos primeiros 10 dias de cada ciclo menstrual.

Anteriormente já tinha parado de tomar a Diane 35 por uns anos, e não me aconteceu absolutamente nada, não tive nenhum surto de acne, a oleosidade da pele manteve-se igual (sempre foi oleosa), por isso este medicamento era evitado. No entanto, depois de umas pesquisas, decidi experimentar porque poderia resolver o acne já existente, pois a localização do meu acne (maxilar, queixo) indiciava origem hormonal, e nestes casos a Ciproterona tem resultados bastante positivos.

A experiência foi horrível e no segundo mês desisti completamente de o tomar. Já tinha notado os efeitos no primeiro mês, que atribui a uns produtos que andava a experimentar. No segundo mês notei a mesma diferença na minha pele, e fui fazer contas... e a altura da piora na minha pele coincidia com a toma da Ciproterona!! Bingo! Os efeitos? Pele extremamente oleosa... ao ponto de meia hora depois de aplicar maquilhagem eu sentir o óleo a formar-se, passar o dedo na cara, e sentir óleo! Cerca de 2 a 3 dias depois acordei com pelo menos 5 novas borbulhas inflamadas e vermelhas! Pior que isso? A zona do queixo e maxilar ficou cheia de comedões, aqueles "montinhos" cor de pele, difíceis de espremer, e que demoram semanas a desaparecer, mesmo com a utilização de ácidos. A maquilhagem assentava horrivelmente. Além do grau de oleosidade, os montinhos são coisa impossível de disfarçar, ou melhor, ainda se notam mais com a utilização de maquilhagem. A minha pele parecia manchada, nada uniforme, com um aspecto mesmo pouco saudável. Tempos horríveis! Nunca na vida me lembro de ver a minha pele assim. Conclusão: a origem do meu acne não coincide com o foco de tratamento da Ciproterona, daí não ter funcionado comigo.

Sem sequer falar com a médica (a minha vontade era atirar-lhe com a Ciproterona), simplesmente deixei de tomar, e comecei a procura por produtos para tentar recuperar a minha pele em obras -.-'

- Produtos da minha rotina -

Comecei a utilização do Effaclar Duo para resolver a minha pele de "caca", e foi o produto-milagre que pôs a minha pele minimamente apresentável e muito mais uniforme. Os comedões desapareceram quase completamente, e a oleosidade regulou (fiz review aqui).

Experimentei mais uns produtos (Effaclar K e Triacneal), que infelizmente fizeram regredir o estado da minha pele, e depois disso tomei a resolução que iria manter na minha rotina os produtos que sei que resultam minimamente, mas mais importante que isso, não pioram a minha pele:

(faltam na imagem o Sébium Global da Bioderma e o Effaclar Duo, pois terminei as embalagens e ainda não voltei a comprar)

- Finalmente: A Primeira Consulta na Dermatologista- 

Até aqui ainda não tinha sequer consultado um dermatologista... (shame on me!). Conseguindo ter o acne sob controlo, mas não completamente curado, e tendo completado os 25 anos decidi ir pela primeira vez a uma consulta de dermatologia. Porquê ter esperado tanto tempo? Achamos sempre que vai passar com a idade, que vai passar com este produto que estamos a experimentar e que dizem tão bem dele, etc.. Vai-se adiando e pensando que ir a uma consulta só nos vão receitar mais cremes e poções, daqueles que estamos fartos de experimentar sem resultados satisfatórios, mas na verdade é sempre uma jornada de tentativa e erro, quer por nossa conta, quer com acompanhamento médico.

A minha mãe, mesmo sabendo da minha preocupação com o aspecto da minha pele, nunca me incentivou a ir a um dermatologista, porque acha que não preciso, que são só meia dúzia de borbulhas e que tudo passa com a idade. A verdade é que o meu acne é maioritariamente retencional (pontos negros e pontos brancos), com inflamações que se concentram na zona do queixo e maxilar, e que deixam marcas de hiperpigmentação. Quase todos os poros da minha cara têm qualquer tipo de obstrução, e isso incomoda-me imenso. A par disso tenho a pele extremamente oleosa, o que se torna bastante incomodativo e exige idas frequentes ao WC para retirar o excesso de óleo e brilhos. Eu conseguia lidar mais ou menos com tudo isto desde que descobri o poder da maquilhagem e durante a universidade (antes disso afectava-me mesmo muito). Mas entretanto terminei a universidade e comecei a trabalhar. Trabalho na área de consultoria a empresas, e tenho de lidar diariamente com clientes empresários e de faixas etárias superiores à minha. É muito complicado que levem a sério alguém que se apresenta com cara e pele de adolescente, e que aconselha sobre investimentos e gestão. Não é mera paranóia minha, é a pura realidade. Infelizmente, e principalmente no meio profissional, é importante ter boa aparência, não no sentido top model, mas no sentido de apresentar algum cuidado com a imagem: ter um cabelo bonito e bem tratado, uma pele com bom aspecto, etc. Enfim, isto tudo para dizer que apesar da maquilhagem me dar alguma confiança, tenho sempre a pele oleosa, a maquilhagem não cobre tudo e nota-se que estou a tentar cobrir, e isso deixa-me insegura perante as outras pessoas. Muitas vezes também evito que o meu namorado me dê caricias na cara por causa disso... e isso afecta-me, porque é algo de que estou sempre consciente.

Não devia ter deixado passar tanto tempo para consultar um dermatologista, pelo menos ficava com a experiência e a opinião de um especialista, mas neste momento tenho meios financeiros próprios e idade para decidir o que quero fazer. Também tinha andado a ver na internet tratamentos mais definitivos, e percebi que talvez existisse algo além dos cremes que valesse a pena tentar... (a quem tenha problemas de acne, mesmo que ainda estejam a entrar na adolescência e aparentemente ser próprio da idade, o melhor conselho que vos posso dar é irem ao dermatologista! Pelo menos têm um especialista a acompanhar-vos e a dar-vos apoio na busca da cura para a vossa pele... arrependo-me muito de não o ter feito mais cedo!)

Marquei então consulta numa clínica privada da zona, numa altura em que a minha pele estava num estado pior, para daí a duas semanas.

Chegada à consulta falei com a médica sobre o meu historial, o que já tinha experimentado, etc. Ela observou a minha pele e disse que os medicamentos hormonais que me tinham receitado não iam resolver o problema da minha pele naturalmente seborreica (oleosa) - herdei a genética da minha mãe! ha!
Informou-me que o tratamento indicado para o meu caso seria a Isotretinoína, que é o único medicamento conhecido que pode curar o acne definitivamente. Actua sobre as glândulas sebáceas, fazendo com que estas fiquem do tamanho das de um bebé, o que significa que durante o tratamento a nossa pele e todo o nosso corpo deixa de produzir oleosidade. Sem óleo, os poros não são obstruídos e a bactéria que causa a acne não sobrevive. A pele é renovada num ciclo de tempo muito mais curto. Com o tempo reduz as inflamações e estas deixam de aparecer. Depois do tratamento o corpo volta a produzir oleosidade, mas geralmente a pele não fica tão oleosa como antes (assim espero!).
Falou-me brevemente dos aspectos gerais do medicamento, pois eu já tinha conhecimento do que se tratava. Pareceu-me que estava a tratar o mesmo de forma leviana, mas conclui que era para eu não fazer um "bicho papão". Acrescentou que eu deveria ter feito este tratamento por volta dos 14/15 anos (o que eu não concordo, de todo, que este medicamento deva ser tomado numa idade tão precoce, pois é um medicamento bastante sério e que se não tomado da forma correcta, pode trazer sérios problemas para a saúde, a vários níveis.)

- Pormenores do tratamento -

Nota: criei um blog exclusivamente para registo do diário do meu tratamento, para meu controlo e também para quem queira acompanhar - podem aceder e acompanhar aqui. Este blog vai ter actualizações constantes, com os pormenores da minha experiência com o medicamento, incluindo os menos simpáticos. Sim, porque nem sempre o tratamento com este medicamento provoca apenas pele seca e lábios secos. 

• Dosagem: 30mg de Isotretinoina por dia, depois de jantar. 
• Tenho de continuar a tomar a pílula porque a Isotretinoina tem uma enorme probabilidade de provocar malformações no feto, se existir gravidez. Idealmente devem ser usados 2 contraceptivos (1 hormonal + 1 barreira), durante o tratamento e nos 6 meses seguintes.
• Tenho de fazer análises antes de iniciar o tratamento e 2 a 3 meses depois - este tratamento implica análises periódicas obrigatórias (normalmente a cada 2 meses) para vigiar os níveis de colesterol, triglicerídeos e as funções hepáticas. As minhas primeiras análises estavam dentro dos parâmetros normais, por isso pude iniciar o tratamento. 
• É necessário utilizar produtos específicos para amenizar os efeitos secundários (pele muito seca, reactiva e a escamar, olhos secos, lábios secos, mucosas do nariz secas, etc.): hidratante, balsamo labial, gotas oculares, soro fisiológico para o nariz, hidratante corporal, etc. - falarei no meu outro blog, que irei criar exclusivamente para retratar a evolução do meu tratamento, sobre os produtos que irei utilizar.

Voltarei então à consulta de acompanhamento no inicio de Maio, com novas análises. Tenho lido bastantes testemunhos de quem usou este medicamento, e parece-me que a minha médica tem uma metodologia um pouco diferente, que acaba por me deixar insegura. Segundo ela, só farei novas análises quase 3 meses após iniciar a toma, o que me parece demasiado tempo. Isto porque nunca se sabe como o nosso organismo reage ao medicamento, e por isso deveriam ser realizadas análises um mês depois do começo do tratamento, para perceber se o organismo está a reagir bem, ou se os níveis ficaram muito alterados. Posteriormente é que as análises poderão ser mais espaçadas. Apesar de não ter indicações para tal, farei análises por minha iniciativa um mês depois do inicio do tratamento, pois prezo muito a minha saúde e preciso ter a certeza que os meus órgãos estão a reagir bem. Depois voltarei a fazer no final de Abril, para mostrar à medica na consulta. Para quem está também a fazer o tratamento, como está a ser a vossa experiência? Conselhos e opiniões são bem vindas :)

AVISO: Este é um medicamento muito forte e com efeitos adversos bastante assustadores, que fizeram-me considerar a hipótese de não prosseguir com o tratamento. Se optarem por ler o meu outro blog sobre o tratamento, façam-no apenas a título informativo pois não sou dermatologista e não estou aqui para aconselhar ou desaconselhar ninguém, apenas relato a minha experiência e opiniões pessoais.